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Os 4 Cavaleiros do Apocalipse

  • Marcos Nicolini
  • Dec 4, 2022
  • 2 min read

Compreender a fome, a peste, a guerra e a morte, em autores não necessariamente teológicos. Seria possível?


A política como guerra: John Milbanks me informou que o significado de Polis (que se traduz por Cidade, Estado) é ”cidadela em guerra”. Jean Paul Vernant me ensinou que a democracia, a política é resultante das discussões sobre o butim de guerra, como os ganhos sobre os inimigos derrotados, mortos ou escravisados eram distribuídos entre os vencedores. Platão quer uma Atenas como uma Esparta: uma política de guerra interna e externa. Heráclito diz que a guerra é pai e rei de tudo. O archè da política é a guerra.

Carl von Clausewitz dirá por sua vez que a guerra é política por outros meios, e que o sentido e fim da guerra é a destruição total do inimigo. Em meio à guerra se deixa de lado o motivo inicial que deflagrou o conflito e assume-se o objetivo da destruição do inimigo. A guerra é a polarização extrema do conflito.


Então devemos ouvir Michel Foucault para quem a política é guerra por outros meios. Este autor retoma o archè da política (entre os atenienses) e o lê pela ótica de Clausewitz. Foucault desfaz a fronteira entre interno-externo, stasis-polemos e traz para o interior da Polis o que era conflito entre Estados.


Antes de Foucault, no entanto, Carl Schmitt havia dito que a política se realiza numa relação amigo-imimigo, conflituosamente. A política não seria a arte do possível, mas a arte da guerra sob as condições possíveis tendo em vista a destruição do inimigo.


E sobre os trabalhos de Foucault e Schmitt, Giorgio Agamben opera sobre a política e estado de exceção, isto é, o vencedor é o Poder Soberano que suspende a ordem legal em nome da governabilidade.


Mas toda esta mnemônica estaria capenga se não fizéssemos menção de Rene Girard, para quem a violência política exigiria a mimesis, a imitação. Os lados em conflito desejando inicialmente o poder, tonar universal particularismos, tornar um modo de vida e uma visão de mundo particular em uma crença universal, logo que entram em conflito deixam de lado estas questões menores e assumem como objetivo único a destruição da outra parte. O conflito, político, toma proporções apocalípticas.


Assim, entramos na religião.


A religião cristã é aquela que denunciou e tornou evidente esta mentira, a saber, que a política seria um meio de pacificação. Como apontamos acima, a política não é paz, mas guerra por todos os meios.


Desta forma, o cristianismo tem duas alternativas: 1- fazer parte do conflito, tornando-se maniqueísmo e como tal assumindo ou a parte do materialismo conservador movido pelas leis de mercado, ou assumindo a parte do materialismo progressista movido pelas leis da dialética-hermenêutica da história; 2- assumir a postura apolitica (para isto refiro-me a Roberto Sposito) e sendo protagonista como bode expiatório, o que nos lembra Jesus e suas posições apolíticas diante dos grupos de judeus que se integravam ou combatiam Roma.


Esta leitura escatológica (este discurso com pretensão de verdade que trata das coisas últimas) referenciada em pensadores e no Cristo, permite-me ler o Brasil de hoje é a grande apostasia das Igrejas (conservadora e progressista), e nomear os quatro cavaleiros que trazem a guerra, a fome, a peste e a morte: STF, Alexandre, Bolsonaro e Lula.


Cruz Credo

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